Friday, May 04, 2012

Já não há nada sagrado neste mundo...

Ontem apanhei a maior desilusão da minha vida desde praí, deixa la pensar, desde que o Benfica perdeu os cinco pontos de avanço sobre o porto. Isto só para ficarem já com uma ideia da dimensão da coisa.
Passo a explicar a minha situação com a qual certamente milhares de portugueses se identificam.
Foi com grande alegria e emoção que li a notícia que a Playboy portuguesa ia voltar às bancas e que para além disso como grande lançamento iria ter a Rita Pereira nas suas páginas. A grande custo lá consegui conter o meu êxtase e aguardei ansiosamente pelo dia 3 de maio, data do tão esperado lançamento.
Chegado esse dia, ontem portanto, consegui vencer a minha timidez e lá me desloquei a uma papelaria longe do meu local de trabalho e residência onde tivesse a certeza que ninguém me reconheceria. Entrei, agarrei uma revista "Pais e Filhos", dissimuladamente coloquei-a por cima de uma Playboy e agarrei também um exemplar desta. Coloquei-me na longa fila e aguardei a minha vez para pagar enquanto me tranquilizava com pensamentos do género "Vá, tem calma porque as pessoas normais também compram este tipo de revistas, não são só tarados como tu e com sorte passas por uma pessoa normal." ou "Vais ver que toda esta ansiedade vai ser recompensada mais tarde quando estiveres a folhear a revista". Distraído nos meus pensamentos lá chegou a minha vez para pagar, arrotei os €3,5 da pais e filhos e outros €3,95 da Playboy, estendo uma nota de €10, o empregado coloca as revistas no balcão à minha frente com a capa da Playboy virada para cima onde se encontrava a Rita Pereira em trajos menores e com pouquissima roupa a tapar-lhe a pele, estende-me o troco e eu com a pressa de agarrar as revistas para que ninguém desse conta daquilo que estava a comprar deixo cair o troco, agarro as moedas atrapalhadamente, pego nas revistas e saio porta fora.

Chego a casa, mais contente que um puto com um brinquedo novo, instalo-me confortávelmente e preparo-me para fazer a minha prevenção de doenças cardio-vasculares, que é como quem diz, relaxar enquanto olho para as mamas da Rita Pereira. Abro a revista na página que me interessava e começo a passar os olhos pelas páginas do tão esperado artigo, passo 1, 2... 6 folhas de uma Rita vestida com uma lingerie que seria extremamente sexy no tempo do meu bisavô e de repente dou com um artigo "Carmela e Júlia" de Valter Hugo Mãe (tenho de ler o texto deste senhor porque se estiver ao nível do grant's true tales pode ser das poucas coisas que se aproveita no meio de uma revista tão reles, estou a dispersar-me...), ainda meio fora de mim volto atrás e penso, mas pera lá, onde é que está a parte que interessa? A parte boa? A parte em que supostamente ela estaria sem roupa? Folheio novamente e nada, não há o vislumbre de um mamilo, uma aureolazinha, uma transparência, nada! Nem um fio dental! Comprei uma Playboy para ver uma gaja vestida com um cuecão! Fiquei fora de mim, isto não pode ser... Que me lixem com a crise, com horas extra de trabalho, com conversa fiada de políticos, com tudo menos com isto! Quer dizer, já não existe nada sagrado neste mundo? O que é feito da confiança que o genero masculino foi depositando ao longo do tempo neste tipo de revistas? Após acalmar um pouco pensei um bocado e lembrei-me que se calhar por azar teria agarrado uma revista já folheada e as páginas com as partes boas possivelmente estariam coladas. Voltei a agarrar na edição com umas luvinhas de latex e com muito cuidado verifiquei pagina a pagina se teria sido isso que tinha acontecido, mas não. Os meu piores receios confirmavam-se, tinha pago €7,45 por uma revista que poderia muito bem ter o título "Cuecões primavera/verão 2012".
Eu bem desconfiei quando na entrevista antes do lançamento da revista ela disse que os pais tinham gostado bastante das fotografias... Ainda não sei bem o que é que passou pela cabeça dos senhores que estão à frente desta revista. "Vamos colocar estas fotos assim que ninguém vai dar por nada"? "Vamos inovar e para variar colocar uma gaja vestida"?
Seriously... Quero as mamas que me prometeram!